Inspetora-Geral da Autoridade para as Condições de Trabalho reitera objetivos do plano estratégico nacional de Segurança e Saúde no Trabalho
Promover, até 2020, a qualidade de vida no trabalho e a competitividade das empresas, diminuir o número de acidentes de trabalho em 30% e os fatores de risco associados às doenças profissionais são os três principais objetivos estabelecidos pela Estratégia Nacional de Segurança e Saúde, esta manhã reiterados em Coimbra pela Inspetora-Geral da Autoridade para as Condições de Trabalho, Luísa Guimarães.
No discurso de abertura do III Simpósio Ibérico de Riscos Psicossociais, que decorre na Escola Superior de Tecnologia e Saúde, Luísa Guimarães sublinhou que para se alcançarem estes objetivos estratégicos “é absolutamente essencial o reforço das competências dos atores do mundo laboral, de forma a que o futuro seja mais saudável e seguro”, metas a atingir por meio do “diálogo social transversal a todas as abordagens preventivas”.
Luísa Guimarães recordou as principais conclusões do inquérito nacional às condições de trabalho, datado de 2015, instrumento que a seu ver contém elementos que “reforçam dados contidos em estudos do mesmo género promovidos pela Agência para a Segurança e Saúde no Trabalho e pela Eurofound” e que põem em destaque várias questões relacionadas com a Psicosociologia especialmente tratadas durante este simpósio ibérico.
Luísa Guimarães evidenciou no inquérito nacional “que quando inquiridas sobre a existência de fatores de risco, 42,1% das entidades empregadoras identifica um factor de risco, sendo os problemas músculo-estéticos associados a posturas, esforços ou movimentos e os problemas psicológicos/emocionais os mais referidos”.
Por seu lado, referiu que 68,4% dos trabalhadores inquiridos aponta que o seu trabalho implica um ritmo elevado e cerca de 60% declara trabalhar em função de prazos rígidos. Para a Inspetora-Geral da Autoridade para as Condições de Trabalho, a juntar à “preocupação associada ao envelhecimento da população”, outros elementos têm de ser tidos em conta, nomeadamente, entre outros, que 31,9% das pessoas inquiridas fala em stress no trabalho.
Em consequência, referiu Luísa Guimarães, “a abordagem cada vez com mais enfâse nos aspectos psicossociais é absolutamente essencial para que as organizações se adaptem às mudanças cada vez mais rápidas do mundo do trabalho, fruto da evolução tecnológica, tendo em vista continuarmos a caminhar no sentido do desenvolvimento de uma verdadeira cultura nacional de prevenção”.
Na mesma sessão, em que também participaram o vereador para os assuntos sociais da Câmara Municipal de Coimbra, Jorge Alves; o presidente da Escola Superior de Tecnologia e Saúde, João José Joaquim, e o presidente da Associação Vertentes e Desafios da Segurança, Miguel Corticeiro das Neves, participou Olga Sebastián Garcia, diretora do Instituto Nacional de Segurança, Saúde e Bem-Estar no Trabalho (IUSSBT) de Espanha, órgão científico e técnico especializado da Administração Geral do Estado que tem como missão a análise e estudo das condições de segurança e saúde no trabalho, assim como a promoção e apoio à melhoria das mesmas.
Olga Sebastián Garcia reconhece que “apesar do já alcançado em Espanha em matéria de prevenção dos riscos laborais, ainda há muito por fazer”, sobretudo nos aspectos relacionados “com as novas formas de organização do trabalho”.
“A globalização da economia teve consequências no mercado de trabalho, com a reconversão, a flexibilização e a reengenharia dos processos de trabalho”, factos que, deram visibilidade para a área dos riscos psicossociais como “verdadeiro elemento a observar para uma população trabalhadora saudável e umas condições de trabalho ótimas”.
O III Simpósio Ibérico de Riscos Psicossociais nesta edição conta com mais três centenas de participantes inscritos, entre os quais investigadores, profissionais das áreas de segurança, higiene, saúde, psicossociologia, ergonomia e enfermagem do trabalho.
Trata-se de uma iniciativa nesta edição coorganizada por três entidades: a Associação Vertentes e Desafios da Segurança, a Escola Superior de Tecnologia e Saúde de Coimbra e a Associação Espanhola de Ergonomia.
No final da sessão de abertura, Miguel Corticeiro Neves, presidente da Associação Vertentes e Desafios da Segurança, anunciou que o IV Simpósio Ibéricos de Riscos Psicossociais decorrerá a 11 e 12 de abril de 2019, na Universidade de Extremadura, em Cáceres, Espanha.
Coimbra, 20 de abril de 2018